quarta-feira, 6 de abril de 2011

Professor Precarizado

A mídia brasileira está mostrando em vários canais de TV e rádio, inclusive no horário da Voz do Brasil, horário obrigatório do governo Federal pelo rádio, convites do tipo “Seja um professor”. Existe até um bonito comercial que pergunta em vários países com nível avançado de desenvolvimento social qual o profissional responsável pelo desenvolvimento, e a resposta é o professor, em vários povos e idiomas, terminando com o convite: Seja um professor.

Na realidade, nunca vi em qualquer meio de comunicação, um apelo governamental para que as pessoas sejam qualquer outra profissão, ou seja, olha a que ponto chegamos, o magistério tem sido tão esculhambado que o estado tem que “recrutar” candidatos ao cargo; não procura-se quem tem vocação para o magistério e sim quem tem poucas oportunidades de fazer um curso superior, ai sim, na falta de opção, vários candidatos aparecem para ser professor através de facilidades como bolsa pro uni dentre outros. As oportunidades para ser professor não faltam . A UAB (Universidade Aberta do Brasil) em Franca só oferecia cursos de pós graduação, esse ano está disponível graduação também, e licenciatura claro, formar professor é essencial, afinal, o exercito de reserva no magistério é que garante a continuidade da precarização da profissão. No Estado de São Paulo, o governo do PSDB, particularmente do irresponsável ex- governador Sr. José Motosserra, conseguiu precarizar a níveis nunca antes vistos todo o magistério paulista. Não quero aqui ficar listando o que foi feito no passado recente por esse inimigo da educação, como oito anos sem aumento, bônus ridículo que caminha para o fim, afinal as metas ficam tão altas de ano a ano que tornam-se insuperáveis; a questão da divisão da categoria pelas letras do alfabeto;o não direito ao já precário IANSPE dos novos professores contratados dentre outros, alias, por falar em bônus, fico pensando como o governo é contraditório, pois na palavra do novo secretário, em reunião em Ribeirão Preto recentemente, ele disse que o SARESP, não avalia o nível da educação, pois ele verificou ( o que eu duvido muito) que o número de alunos oriundos de escola pública que estão conquistando vagas via vestibular nas faculdades públicas tem aumentado, ou seja o Saresp é feito sem incentivo pelo aluno, por isso não da o resultado esperado no bônus, quer dizer, o índice que foi criado pelo próprio governo para medir a qualidade da educação, quando é baixo, ele é falho, mas para pagar o bônus do professor ele é válido e utilizado !

Estão brincando com a cara do professor. Que isso sirva de lição para os novos e aos futuros candidatos a professores, que o caminho é a luta, e correr dessa luta aproveitando de greves para trabalhar como eventual prejudicam a si próprios, pois também fazem parte da categoria. Trabalhar, todos precisamos, isso não é desculpa para trair a classe a qual pertencem.

Acredito que a mobilização é importante. A Apeoesp, entidade que tanto luta para os professores, independente de qual grupo esteja na direção, tem que aprender com erros do passado. E o maior erro é apoiar-se em táticas defasadas de mobilização. Mesmo que todas as escolas parem e, uma greve com muita adesão, o governo sabe que nenhum de nos pode aguentar mais de 30/ 40 dias de greve sem pagamento. Devemos aprender com os trabalhadores da Receita Federal, Polícia Federal, Ministério da Agricultura que fazem a chamada Operação Padrão e por isso mesmo, sempre tem seus anseios atendidos. Devemos fazer movimentação dentro das próprias escolas. Assinamos o ponto e não daremos aulas. A Chamada greve branca. Há várias maneiras de fazer isso. Pode-se dar a 1° /3°/6° aula do diurno. A 2°/ 4° da noite e assim por diante. Estaremos sim fazendo nosso trabalho, mas de forma irregular, gerando problemas ao estado, da mesma forma que a Receita Federal, a Polícia Federal “enrolam” seu trabalho e levam à demora para realizar procedimentos em aeroportos, portos e repartições. Assim, garantimos nossos direitos e não seremos atropelados por governos autoritários que não aceitam conversa, ou fala muito e não pratica ação.

Professores, pelo bem da categoria, pelo bem de nossos filhos e pelo bem do país, não deixe de acompanhar as lutas da categoria para melhorar a educação e nossa condição de trabalho. Chega de precarização e humilhação. Mantenham-se focados em nossos objetivos de luta,.Não se acovarde da luta. Coordenadores, supervisores, diretores, dirigentes, antes de tudo são também professores, e mesmo que seus cargos as vezes impeçam de se manifestar, no fundo conhecem a precaridade da educação. Fique atento, lembre-se que para ter liberdade de escrever um texto como esse, muitos deram seu sangue na luta contra a ditadura. Está na hora de nos fazermos a nossa parte para os filhos de nossos filhos. Até mais, a luta continua....

Geliane Gonzaga

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